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Banco Central e Parlamentares

Vereadores, deputados e seus parentes terão movimentação financeira monitorada pelo Banco Central do Brasil

Objetivo é prevenir lavagem de dinheiro. Hoje, presidentes de assembleias estaduais e câmaras municipais das capitais já são monitorados.


O Banco Central passará a monitorar as transações financeiras de vereadores, deputados estaduais e parentes, com objetivo de prevenir lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.

O novo regulamento amplia, principalmente, o número de políticos que passam a receber atenção especial das estruturas de governança e análise de risco dos bancos, de acordo com a natureza das transações por eles realizadas – que podem ou não ser interpretadas como suspeitas.

De acordo com Evaristo Araújo, da divisão de regulação do BC, a mudança amplia o rol de monitoramento para "dezenas de milhares" de políticos, e alcança também membros de conselhos da esfera do judiciário, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Até então, basicamente os presidentes das assembleias estaduais e das câmaras municipais das capitais eram monitorados. Agora, todos os vereadores e deputados estaduais entram na categoria de "pessoas politicamente expostas".


Parentes de segundo grau de pessoas públicas também entram na mira. Até então, a exigência se restringia aos parentes de primeiro grau. Entram também na matriz de risco dos bancos pessoas com "estreito relacionamento" com políticos, incluindo sócios em negócios e assessores, por exemplo.

O chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, João André Pereira, explica que ser considerada uma pessoa politicamente exposta não significa, necessariamente, que ela terá informações sobre suas transações financeiras repassadas ao Coaf. Isso vai depender da natureza e do grau de risco das operações que ela efetuar.

Ainda segundo Pereira, a nova regra torna os mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo mais "inteligentes". Isso porque eles deixam de ser mais prescritivos para serem mais analíticos.

Operações acima de R$ 10 mil

O novo sistema abandona o modelo atual de lista de operações suspeitas, com base no valor transacionado, e passa a considerar a variável da classificação de risco, que inclui, entre outras coisas, a variável política.

— Antes, operações acima de R$10 mil precisavam de especial atenção. Com mais de R$10 mil, (o banco) comunica ao Coaf e acabou, com pouca análise (desse dado). Acabou o R$10 mil, agora todas as operações tem que ser avaliadas conforme diversas variáveis. Em alguns pontos vai ter fórmula matemática, em outros, informação qualitativa — diz.

Na prática, importará mais à análise dos bancos se um cliente de renda baixa está operando com valores altos, e fazendo remessas ao exterior, do que um valor pré-determinado de operação.




Responsabilização dos bancos

A nova sistemática também amplia o nível de responsabilização dos bancos e demais instituições financeiras no monitoramento e reporte de transações suspeitas. Segundo o BC, isso coloca o país no mesmo patamar das melhores práticas internacionais – e ajuda o país a ter cacife para pleitear um lugar junto a OCDE, o clube dos países ricos.

Pela circular do BC, "a nova regulamentação prevê, ainda, a obrigatoriedade de as instituições implementarem procedimentos destinados a conhecer seus funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados, incluindo procedimentos de identificação e qualificação".

Isso não significa, porém, que os bancos terão que despender mais recursos para alocar mais gente nas estruturas de governança, compliance e de análise de risco. Segundo o BC, reorganizações internas são capazes de dar conta das novas regras.

Para as instituições de grande porte, essas estruturas serão, provavelmente, operadas de maneira interna. Para instituições menores, será possível terceirizar esse tipo de monitoramento.


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