A violência política tem marcado o período de pré-campanha das eleições 2024 na Bahia. Em maio, em apenas 10 dias, o estado registrou dois casos de agressão física e verbal contra pré-candidatos a prefeito. Entretanto, esses não foram os únicos desde o início do ano.
Cardeal da Silva
Em Cardeal da Silva, a cerca de 160 Km de Salvador, a ex-prefeita Maria Quitéria (PSB) sofreu agressões físicas e verbais perto de sua casa, como revelado pela política em um vídeo publicado em seu Instagram.
"Um ato machista, preconceituoso, baixo. Me xingando, me colocando em uma situação em que eu, como mulher, mãe, não desejo para ninguém. Me senti no direito de entrar no carro para não levar uma surra e mesmo assim ele ainda me atingiu no ombro", explicou Quitéria.
A pré-candidata registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Territorial do município vizinho de Entre Rios. Segundo ela, não é a primeira vez em pré-campanha que violências como essa acontece com ela.
Mesmo com o caso, Maria Quitéria disse que não irá contratar seguranças.
"Não uso e não pretendo. Porém, eu pedirei à Delegacia da Mulher uma proteção", apontou
Veja:
Alagoinhas
O outro caso de violência aconteceu em Alagoinhas, cidade que fica a 124 km da capital, com o ex-prefeito e pré-candidato ao executivo da cidade, Paulo Cezar (União Brasil). Ele foi empurrado enquanto cumprimentava pessoas que estavam em um evento esportivo realizado pela prefeitura da cidade, no bairro Jardim Petrolar. O agressor ainda ordenou que o político deixasse o local.
"Foi a primeira vez que isso ocorreu. Nunca andei com segurança na minha vida, mas agora terei que andar", afirmou.
Paulo Cezar informou que prestou queixa na polícia, que foi submetido a exame de corpo de delito e que deverá contratar seguranças.
Ele detalhou toda a situação em um vídeo postado no Instagram.
Paulo Afonso
Em abril, a pré-candidata à prefeitura de Paulo Afonso, Onilde Carvalho (Novo), relatou ter sofrido ameaças após a divulgação da pesquisa eleitoral na cidade que teria apontado o seu bom desempenho. Em um grupo de Whatsapp, um homem, supostamente acusado de feminicídio, disse que iria "neutralizá-la".
"A gente sabe que neutralizar é matar, né? São sinônimos. E, pelo histórico desse criminoso, eu fiquei um pouco tensa", afirmou.
O caso foi registrado na 1ª Delegacia Territorial de Paulo Afonso.
O Novo, legenda de Onilde Carvalho, postou uma nota de repúdio nas redes sociais.
Umburanas
Já em Umburanas, a cerca de 450 Km de Salvador, no início de junho, o pré-candidato a vereador, Valmir Justino, foi morto a tiros por dois homens que estavam em uma motocicleta e que alverajam o carro no qual o político estava.
Segundo a Polícia Civil, Valmir tinha registro de prisão em flagrante por tráfico de drogas, em 2023, e havia sido denunciado pelo Ministério Público da Bahia.
Ainda não se sabe se a morte ocorreu por razões políticas.
Investigações
A Polícia Civil declarou que as investigações das agressões sofridas por Maria Quitéria e Paulo Cezar estão sendo realizadas e que os suspeitos foram ouvidos.
Eleições municipais
O professor Cláudio André de Souza, cientista político, esclarece que eleições municipais costumam registrar mais casos de violência.
"Mobiliza mais os lados, deixam tudo à flor da pele exatamente pela característica que tem as eleições municipais, pelo papel que exerce as prefeituras nos municípios menores, e a disputa se torna ainda mais acirrada e polariza a sociedade", afirmou ao Correio.
Ele ainda destacou que o pleito municipal mexe com o campo afetivo dos eleitores.
"A pessoa sabe de quem é aquela padaria, de quem é a farmácia, quem é o dono, quem é a pessoa. Então, tem ali uma polarização que envolve inclusive os hábitos de consumo, de sociabilidade. E isso vai estruturando a disputa num nível muito mais profundo", ressaltou.