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Futebol x Política

Professor Pedraum - Times de futebol: torcer é um ato político

"Dedicado a meu amigo Welber Santos".

"Dedicado a meu amigo Welber Santos".
"Dedicado a meu amigo Welber Santos".

Para a grande maioria dos brasileiros desde tenra idade se aprende a gostar de futebol, acredito que pelo fato de ser o esporte mais popular do país. Geralmente tomamos gosto pelo esporte vendo nossos pais, irmãos mais velhos, vizinhos que são apaixonados, entusiasmados com o esporte. Via de regra, aliado a isso vem inevitavelmente a escolha do time pelo qual torcer.

A torcida por um clube gera uma gama de sentimentos conflituosos dentro de cada um, e com o passar do tempo nós vamos incorporando esses sentimentos a nossa personalidade, às vezes até a nossa identidade a ponto de falarmos que "nós fomos campeões", "nós ganhamos", "nós perdemos", ou seja, de alguma maneira acaba-se considerando o time como parte de nós, e nós como parte dele, esse sentimento é tão real que para muitos o clube vira algo de suma importância em sua vida, gerando fanatismos e coisas afins. Entretanto, parece que tudo isso acontece de forma muito natural, isto é, naturalmente nos sentimos apaixonados por um time e passamos a torcer por ele, a querer que ele vença (sempre rsrs). A grande questão que levanto nesse escrito é: O QUE NOS FEZ QUERER TORCER

PELO TIME DE FUTEBOL QUE TORCEMOS?

Dentre as inúmeras possibilidades para responder a pergunta acima entendo que qualquer resposta que seja dada, vai estar relacionada com a questão da INFLUÊNCIA. Ela é condição sine qua non no processo de escolha, pois até mesmo quando a escolha do time acontece de forma inconsciente, a influência está presente. Essa influenciação ocorre de diversas maneiras, porém duas dessas maneiras são básicas e facilmente perceptíveis. Um delas é: a gente acaba torcendo para quem ganha, ou seja, o time que está bem, jogando um futebol bonito, ganhando sempre, sendo campeão, acaba sendo preferido. A outra maneira acaba se relacionando com essa que é a influencia midiática, pois quando um time está numa boa fase acaba sendo o centro das atenções, passando mais tempo nos noticiários, tendo suas partidas transmitidas, etc. as vezes até nem precisa estar numa boa fase, mas por motivos excusos viram o centro das atenções de determinadas emissoras, e nós, a reboque entramos na onda.

É exatamente aqui que entra o cerne da questão: até que ponto nosso "clube do coração" foi por nós escolhido? Se não houvesse a influência midiática (ou influência de outras pessoas) será que não teríamos escolhido outro clube para torcer? Ainda mais considerando que geralmente essa escolha ocorre na infância, pré-adolescência, períodos nos quais vivemos exatamente buscando referências.

Pois bem, um debate interessante é refletirmos sobre se essa torcida por um clube de futebol deve ser racional ou uma paixão sem explicação. Com relação a essa questão da paixão temos o panorama atual, no qual boa parte das pessoas torcem pelos "times grandes", mesmo sendo de outro estado totalmente distante dele, cujos vínculos são sentimentais e não de pertencimento, inclusive faz-se chacota com os clubes e torcedores do lugar onde vive. Quanto a questão da racionalidade, aí entra a noção de pertencimento, de identidade, de valorização das raízes territoriais, ou seja, torcer por um clube que representa você de fato. Isso pode até ocorrer para além do território, isto é, torcer por algum clube de fora do seu estado, até mesmo de fora do país, porém a partir de uma escolha racionalizada, por alguma razão, seja ela história, filosófica, ideológica, política, enfim raramente acontece.

Por esse motivo, torcer é um ato político, pois deve trazer no seu âmago coisas que você acredita, coisas que dizem respeito a você. Seu conjunto de valores, de identidade, de pertencimento. Se formos analisar as razões pelas quais aqui no nordeste os clubes mais populares são os "grandes" do sudeste, a influência midiática fica nítida, uma vez que os jogos que eram mais acessíveis a população eram os dos clubes do sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo para ser mais exato) enquanto o próprio campeonato estadual sequer era transmitido na TV. Nesse sentido se desenvolveu uma paixão pelos clubes do sudeste. Não vou nem falar da diferença absurda que existe em termos de investimento financeiro. O grande problema é que fomos de alguma maneira direcionados, influenciados a gostarmos dos times do sudeste que estavam/estão no auge da boa fase, e ignorar, e até desvalorizar os times que estão no nosso nicho de vivências, isto significa dizer que nossa torcida na imensa maioria dos casos se dá pela via da paixão e não da razão.

É por essas e outras que devemos romper essa lógica, transcender os sentimentalismos e pensar o futebol para além da paixão, não que devamos ignorar os sentimentos, mas devemos sim usar a razão no sentido de que torcer para os times do seu estado é defender suas raízes, suas tradições, seu arcabouço cultural. E mais além, não só torcer, como ser um colaborador, sendo sócio, comprando artigos, produtos do clube, indo aos estádios quando possível, ajudando o time de fato. Torcer pelos clubes do nordeste é defender toda a riqueza cultural dos povos que aqui vivem, ou seja, é um ato político em sua essência, no seu âmago. Portanto defendo que o futebol não é só um esporte é um palco no qual se desenrolam várias questões ligadas as relações sociais, realções de poder de um modo geral. É por isso que podem me chamar de louco quem quiser, mas torço sim por todos os clubes do Nordeste (inclusive rivais eternos), para que se dêem bem e alcancem o topo do futebol brasileiro e internacional, por quê não?

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