Funcionários da R&D Mineração e Construção Ltda, empresa contratada pela mineradora Atlantic Nickel para atuar na Mina Santa Rita, em Itagibá, denunciaram um ambiente de trabalho marcado por assédio moral, pressão psicológica e descumprimento de direitos trabalhistas. Os trabalhadores relatam que a empresa tem se recusado a conceder as devidas classificações salariais para funções mais complexas, além de ameaçar com demissões aqueles que questionam as condições de trabalho. Segundo os relatos, a pressão ocorre frequentemente durante os Diálogos Diários de Segurança (DDS), momento em que os trabalhadores deveriam ser incentivados a discutir medidas de proteção, mas acabam sendo coagidos a aceitar as condições impostas pela gestão.
Um dos principais pontos da denúncia é a mudança de equipamentos sem reajuste salarial. Inicialmente, os trabalhadores operavam caminhões rodoviários de 40 toneladas, porém, com o tempo, passaram a conduzir caminhões fora de estrada com capacidade de 75 toneladas, o que exige maior qualificação técnica e envolve mais riscos, mas sem qualquer aumento salarial proporcional à nova responsabilidade. De acordo com os motoristas, há mais de um ano aguardam a devida classificação como operadores de fora de estrada, conforme prevê a legislação trabalhista, sem retorno por parte da empresa.
Os trabalhadores também denunciam que a gestão tem utilizado o programa “PARE” como forma de controle e punição. Criado para incentivar a paralisação de atividades em caso de risco, o programa estaria sendo vinculado à Participação nos Lucros (PL), o que significa que aqueles que interrompem o trabalho para evitar acidentes podem ser prejudicados financeiramente, gerando um ambiente de medo e insegurança. Um funcionário afirmou que a equipe evita acionar o programa para não comprometer sua remuneração, mesmo em situações em que a interrupção da atividade seria necessária para garantir a segurança de todos.
Os trabalhadores apontam dois gestores como principais responsáveis pelo assédio moral e intimidações. Fabrício Lopes Moreira, gestor de contratos da R&D Mineração e Construção Ltda, teria ameaçado demitir funcionários após a divulgação de matérias sobre as irregularidades. Além disso, ele é descrito como autoritário e acusado de humilhar publicamente os trabalhadores, orientando os insatisfeitos a pedirem demissão e registrando restrições para impedir futuras contratações dos funcionários em outras empresas da Mina Santa Rita. Questionado sobre as acusações, Fabrício Lopes Moreira negou qualquer envolvimento e afirmou que está afastado da obra desde novembro de 2024 por motivos de saúde, sendo posteriormente designado para outro projeto no norte do estado.
Outro nome citado pelos denunciantes é o engenheiro de segurança Ubirajara Barbosa, da R&D Mineração e Construção Ltda, que segundo os relatos utiliza supostas conexões influentes dentro da Atlantic Nickel para agir de forma abusiva e intimidar os trabalhadores. Funcionários afirmam que Barbosa frequentemente desconsidera reclamações sobre segurança e pressiona a equipe a cumprir metas mesmo em condições de risco, criando um ambiente de trabalho hostil.
Após a repercussão das denúncias, funcionários relataram que foram coagidos durante os Diálogos Diários de Segurança (DDS) e alertados de que poderiam ser demitidos caso fossem identificados como fontes das reclamações. Alguns trabalhadores temem retaliações e afirmam que já houve represálias, como mudanças de setor sem justificativa e afastamentos não solicitados. O clima na empresa se tornou ainda mais tenso, com relatos de trabalhadores sendo monitorados e pressionados a não comentar o caso com a imprensa ou órgãos fiscalizadores.
Diante das acusações, a R&D Mineração e Construção Ltda e a Atlantic Nickel ainda não se manifestaram oficialmente. O caso pode levar a investigações por parte do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho, e se as irregularidades forem confirmadas, as empresas podem sofrer sanções como multas, processos trabalhistas e até suspensão de contratos. Trabalhadores seguem aguardando providências e esperam que a denúncia leve a mudanças concretas nas condições de trabalho dentro da Mina Santa Rita.
A reportagem procurou a R&D Mineração e Construção Ltda, porém não obteve respostas aos questionamentos.
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